O PÁSSARO CINZA
-Vista em cartão postal?
Não sei. A paisagem expunha telhados e copas de mangueiras frondosas, pedaços de fachadas e partes de quintais. Se escutava ao longe gritos alegres de crianças a brincar nas poças de água das ruas desertas provocada pela chuva que banhava aquela pequena cidade interiorana e cantava a escorrer nas biqueiras das casas.
- Você vê o que fala?
Vejo o pássaro cor de chumbo que empoleirado no fio olha para mim. Escuto e imagino na inercia do meu abandono os sons que da rua vem em sua intensidade e recodifico visualmente e que agora acabo de falar. Acredito que nesse momento o senhor do tempo enxuga as bordas da mesa de jantar com a sua toalha de linho azul fazendo escorrer até nós em forma de chuva o que bebido estava sendo, em uma ceia, banquete ou só degustava o precioso liquido da vida..
- O que?
Meio surreal o que falo, mas em muitas das vezes pensamos assim, só que não expomos porque soaria estranho, assim como soou para você agora.
- Tá.
-Vejo um gato cinza no fio.
O pássaro!
Juscio Marcelino
(sábado), 05 de março de 2011
-Vejo um gato cinza no fio.
O pássaro!
Juscio Marcelino
(sábado), 05 de março de 2011