Seguidores

terça-feira, 27 de março de 2012

 MEIGO OLHAR
 
E um dia, ao amanhecer, estarei velho na aparência, mas novo no conhecimento, saboreando palavras em cordas do tempo, degustando lembranças inesquecíveis. Um leve suspiro irá compor esse momento, esse dia, esse fim... De um belo começo. 
Estarei inteiro no portão de um mundo desconhecido de volta para casa. Viagens infindas, caminhos mil e a cada passagem encontrarei outros eus e toda a sua diversidade. Aprenderei folheando lentamente como se apreendesse cada movimento, tentando compreender o todo de cada doce início, saboreando as entrelinhas do momento e sem querer saber o dia desse fim.
Ficarão somente lembranças; sábias, felizes. Estarei pronto talvez, com a certeza de deveres cumpridos, de manhãs de projetos e tardes de realizações, de noites tranqüilas, sem os monstros da consciência sem lua e cor. Quero perder o apego das flores e o sonho do desejo sem macular a primavera e toda a sua descendência, olhar para o futuro sem querer está com o passado em apego e amor. Sorrirei para mim mesmo feliz de ser feliz, de ter saboreado a receita da vida degustando cada momento com paciência, debruçado na expectativa de cada dia ser melhor. A cada passo que dei tinha a certeza de acordar cada dia mais novo com o espelho da realidade na mão e em cada repousar a pálpebra passava a folha do dia e descansava para uma nova leitura.
Saudade é uma palavra brasileira que ficará nesse país. Não levarei para esse novo começo como um apego, não será uma inclinação do sentimento, não estará nas asas de minha canção.
Um dia talvez você se lembre de mim, comente as coisas boas que fiz e aquilo que tanto desejei realizar. Saberão que desgastei todos os sentimentos, utilizei as facetas da arte, me lancei de frente sem medo de errar.
Aqui darei adeus e fica a certeza de nunca mais voltar, de corpo nunca, mas de espírito pode ser através de uma brisa, de um suave vento, de um perdido e meigo olhar.