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segunda-feira, 27 de junho de 2011


A COR DO SABER

  Saindo de casa para mais um dia de descobertas no mundo do conhecimento, parei no primeiro batente do velho portão de ferro, segurei o ferrolho desgastado e ali fiquei a olhar as coisas, pessoas, as folhas e papeis de embrulhos soltos ao ar. Uma lacuna se abriu na monotonia diária, daquela velha rotina; Será que todos os dias essas pessoas passam por aqui? As folhas mortas dos frondosos pés de mangueiras caem diariamente e se juntam ao que jogado é pelas pessoas que ali passam? Quem são eles, de onde vem e para onde vão? Porque eu nunca tinha surtado de tal forma? Percebi que o vento soprava diferente naquela manhã sombria. Sombria? Será que todas as manhãs eram daquele jeito e eu nunca tinha notado?



-Bom dia.


O que? Quem será e porque me cumprimentou? Será que essa senhora me conhece ou só quis ser educada? Será que ela está interessada em algo mais, de me levar para devaneios nefastos, receber todas as suas entidades ludibriosas ou..? Meu Deus! Será que ela é isca de ladrão? O portão pesou toneladas e junto as minhas pernas. Um suor frio e sufocante lavava todo o meu rosto fazendo tremer todo o meu ser. Queria voltar, sair daquele portão, não mais ver aquelas pessoas que passavam pela calçada como se estivesse tramando contra mim. Um nó se formou na garganta como um grito grosso e forte querendo sair de uma só vez. As folhas velhas e mortas não se direcionavam mais a sombra da copa ao chão, mas parecendo estarem sendo enviadas pelas mangueiras. Todo o universo conspira contra. Quem poderá me salvar?
-Papai!
O que?
-Faz tempo que te chamo. Não vai me levar para a aula de pintura? Na aula passada a professora explicou sobre a cor do saber. O senhor sabe qual é a cor do saber pai?
Meu Deus, o que foi isso?
 -Não é o que foi e sim o que é isso pai? A pergunta é...
Vamos filha.
Vamos então.Nunca ninguém me responde nada. A cor do saber deve ser isso, não se responder.