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segunda-feira, 21 de maio de 2012

PEDRO JUSTINO
O AMIGO

-Quem é?
Perguntou uma menina que, encostada na porta da direção da Escola Estadual Auta de Souza esperava ser atendida pela coordenadora do seu turno.
-Porque você veio sem a blusa da farda, Sabrina?
-Quem é esse garoto da foto, professora?
-Não desconverse, menina! Me responda!
E a Sabrina com o olhar fixo, como se nunca tivesse visto aquela fotografia em lugar nenhum respondeu sabiamente;
-Ligue pra mãe que ela lhe responde.
-E isso é resposta, menina!
-E quem é mais educada das duas? Eu perguntei primeiro quem era essa pessoa da foto e o que foi que a senhora me respondeu? Nada. Não me deu a menor atenção e foi logo perguntando sobre a minha farda. 
-Você está certa. Me desculpe Sabrina. Essa é a foto de Auta de Souza.
- E é uma mulher? Juro professora que as vezes que vim aqui, eu sempre pensei que era um menino que tinha estudado aqui. Nunca liguei o nome da Escola com essa foto. Pensava que dona Auta de Souza fosse uma dessas que estão nessa parede.
-Sem a farda não fica na Escola. Pra casa Sabrina.
 
Existe uma galeria de fotografias das ex diretoras da Escola na sala da direção. Sabemos os nomes das ruas, praças, escolas, cidades mas na maioria das vezes desconhecemos totalmente a sua história, a sua importância, o do porque aquela pessoa mereceu ter o nome em destaque. Essa necessidade de informação, de esclarecimento do cuidado com a história, com a nossa e com as que nos circunda parte do princípio educacional. Das escolas trabalharem esse leitura de fato, através de pesquisa, do registro e das publicações.
 
 Vinha desenvolvendo um trabalho nessa linha na Escola Estadual prof. Paulo Nobre (Macaíba) o educador Pedro Justino, onde os seus alunos estavam mapeando a nossa cidade através dos nomes das ruas, descobrindo o porque daquela pessoa  ser nome de rua. O que realente ela fez de contribuição para o município homenageá-lo.
O amigo Pedro construía um dos mais belos caminhos fomentados pela EDUCAÇÃO que era fazer com que o indivíduo (aluno) conhecesse o seu meio ambiente (Macaíba). Partiu glorioso para Acarí em uma viagem sem volta e de lá subiu aos céus na esperança que um dia apareça alguem que continue o seu rico trabalho.
VIVAS para um homem que soube nessa curta vida ser; 
amigo, amigo, amigo.





















MARIA CABRAL

COMO UMA BORBOLETA NEGRA, AQUELA MULHER EXUBERANTE, VESTIDA DE NEGRO; VESTIDO FARTO, ESTILO ANOS 50, AS VEZES SOMBRINHA, BOLSA E MEIAS COMPONDO COM UM SAPATO DE SALTO ALTO QUE AJUDAVA NO VISUAL ELEGANTE DAQUELA ENIGMÁTICA MULHER. DESCENDO DO ALTO DO RUA BARRO VERMELHO, ENTRE AS ÁRVORES DA ALAMEDA DAQUELA RUA, MAJESTOSAMENTE APARECIA MARIA CABRAL FAZENDO A FESTA DA GAROTADA DA RUA E DE ALGUNS DESOCUPADOS. O SEU DISTÚRBIO MENTAL A PERMITIA DE SER INDIFERENTE.
 QUEM ERA AQUELA MULHER DE SOBRENOME FORTE E QUE INQUIETAVA TODA A CIDADE? EXISTIA UNS PEQUENOS ESPAÇOS CONSTRUÍDOS NA FRENTE DO MERCADO PÚBLICO, CONHECIDOS POR "BOINHOS", LOCAL QUE VENDIAM DE UM TUDO. DO REFRESCO DE MARACUJÁ, Á CARNE E A REDE DE DEITAR, E TAMBÉM SERVIA PARA REUNIR SENHORES DE NOSSA CIDADE PARA O CAFÉ OU PARA TOMAR A BRANQUINHA ANTES DA SOPA DA NOITE, MAS NA VERDADE, AQUELES SENHORES SE REUNIAM NAQUELES MINES COMÉRCIOS PARA SE DIVERTIREM AS CUSTAS DA DEFICIÊNCIA MENTAL DA DAQUELA BELA MULHER DE MEIA IDADE, QUE SE DIGA DE PASSAGEM. TODAS AS TARDES, MARIA DESCIA A RUA BARRO VERMELHO, CRUZAVA O CENTRO DA CIDADE E SE DIRIGIA PARA A MATRIZ NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO. MACAÍBA NESSE PERÍODO NÃO EXISTIA A INTERFERÊNCIA TECNOLÓGICA, ONDE ERA MUITO RARO UMA TV OU UM TELEFONE. AINDA ERA TEMPO ONDE O CINEMA E O CLUBE DA CIDADE ERAM SINÓNIMOS DE FESTA.
QUEM ERA AQUELA MISTERIOSA MULHER QUE FAZIA DESCASO TODAS AS TARDES DA POPULAÇÃO MACAIBENSE QUE TENTAVA TIRÁ-LA DO SÉRIO. MAS DESCONHECENDO DE TODAS AS CHARCOTAS QUE ACONTECIAM EM SUA VOLTA, ELA CAMINHAVA ELEGANTEMENTE, MESMO COM AS ROUPAS, AS VEZES, SURRADAS, REMENDADAS, DESGASTADAS PELO TEMPO, CAMINHAVA SEM APRESSAR O PASSO COMO SE ESTIVESSE NA CORTE IMPERIAL. O TEMPO QUE AQUELA CABEÇA VIVIA COM CERTEZA NÃO ERA O NOSSO. SÓ O QUE LIGAVA ELA A O SÉCULO EM QUE VIVIA ERA A SUA FÉ. TODAS AS TARDES ELA CAMINHAVA  EM DIREÇÃO A IGREJA MATRIZ PARA CONVERSAR COM NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO.


NUNCA DIGA NUNCA






Entre os cadernos e lápis da minha bolsa escolar, aluno do quinto ano na Escola Estadual Prof. Paulo Nobre (Macaíba/RN) encontro um pedaço de papel mimeografado divulgando uma apresentação teatral. Era um espetáculo sacro, organizado por Isabel Cruz junto com o professor e padre Pedro. Vários dos alunos que estudavam comigo participavam do espetáculo e se reuniam as tardes na residência de dona Isabel, mais conhecida por madrinha Beleza, na rua Nossa Senhora da Conceição. Nunca tinha visto um teatro e não tinha nenhum pouco de interesse de ver. Só sabia que os meus colegas estariam vestidos com umas cáfitas que mais parecia roupa de mulher. Eu morava com a minha mãe meu irmão na casa da minha avó na rua vizinha, Dona Emília, e naquela tarde me prontifiquei de ir comprar o pão na padaria do senhor Zé Paulo só para passar lá na casa do ensaio e zoar com a cara dos meus colegas de sala de aula.

O meu olho corria por toda a rua da Conceição, dançando sob ordem da minha expectativa. Minha mão gelada de tanta ansiedade pedia calma para um cérebro que não respondia. O que irei encontrar lá?
Era uma casa enorme, de paredes grossas e residência de poucos privilegiados. Tudo aquilo me intimidou. Menino negro, magricela, cabeçudo e pobre. Observei distante por um bom tempo e percebi que os meus colegas estavam super envolvidos, saltitantes, brincaram de tica, pega pega e foi quanto Zé Antonio apareceu e chamou todos. Zé estudava comigo e morava naquela fantástica casa. Foi quando tomei coragem e parti para a realizacão do meu tão esperado plano.

Silenciosamente fui entrando naquela enorme casa de inúmeras portas. Vi a criançada em volta de uma velha em uma cadeira de rodas, que por sinal era a sábia madrinha Beleza, o padre que também era o meu professor de Ensino Religioso e o Zé Antonio que dava um de auxiliar de direção.
-É esse o que faltava, padre?
Aquela mulher chegando por trás, sem eu esperar, me segurando pelo braço e me expondo para toda a sala. A sensação era de um feroz monstro me atacando de surpresa e eu sem ter como me defender. Era a governanta da casa e mãe de criação de Zé Antonio. O que fazer numa situação dessa? Meu professor e os meus colegas de turma estavam olhando pra mim como se questionando o que eu estava fazendo ali.

-Afinal de contas, ele é da turma de vocês ou não?

-É sim, Maria. Zé Antonio, o Juscio irá fazer São Pedro.

Desse dia em diante eu nunca mais deixei o teatro. Madrinha Beleza, a quem muito devo, faleceu, o padre Pedro deixou a batina e eu continuo nessa maravilhosa cidade escrevendo para teatro. No espaço entre o ontem e o hoje muita coisa aconteceu. Juscio continuou com o trabalho de Isabel Cruz encenando para a igreja, criando o GRUTEJAM (Grupo de Teatro de Jovens Amadores de Macaíba) com sede nos fundos da igreja, criou o FESTIM Festival de Teatro Infantil de Macaíba), fundou a ASTMA (Associação de Teatro Amador de Macaíba), participou da FETERN (Federação de Teatro do Rio Grande do Norte) e da CONFENATA (Confederação Nacional de Teatro Amador). Hoje a idade já pesa um pouco e vejo que tudo que nós plantamos foi destruído, apagado pelo tempo, esquecido na memória dessa cidade e desconhecido para as novas gerações. A minha esperança é que um dia você leia esse artigo e que tenha o poder da transformação em suas mãos, mesmo que não seja artista, mas uma pessoa sensível ao que os nossos antepassados plantaram de bom nessa terra tão fértil.
NO TEMO DE MDB E ARENA


         47 anos de vida e desde que me entendo por gente eu escuto  falar de política partidária, começando lá em casa. Essa história de candidatos e partidos não rezava muito bem nos rozários das comadres e compadres da redondeza de onde o miolo era a minha residência. Esse negócio de gritar nome de candidato e seguir eles por diversos partidos, nem em sonho. Fidelidade era a palavra de ordem e COR era o prevalecia. Você era verde ou encarnado. E olhe a danada da cor imperando mais uma vez. Acredito que deva existir algum estudo, tese, pesquisa em andamento que esteja se cascaviando a influência das cores na sociedade. Espero. Mas aqui quero deixar bem claro uma coisa; lá em casa não era coito de fofoqueiros  e desocupados que deixavam o feijão queimando para ficarem nas calçadas falando da vida alheia, isso NUNCA! Minha avó materna era daquelas mulheres que nasceu para a caridade. Paupérrima, mas rica de boa vontade. E acredito que ela deveria ser descendente de umas daquelas pessoas que presenciaram o milagre da multiplicação dos pães, pois nunca vi uma mulher pobre igual a vó Chiquinha para receber a parentalha do interior, povo mais pobre que nós e que recebia muito bem. Todos comiam, bebiam e pousavam dias e mais dias. Repartia com o próximo o que já era pouco para os seus. Quem herdou essas qualidades da minha avó foi minha mãe, que além dela ser professora em escola pública, também era arteira, daquelas metidas em saber fazer tudo e nesse tudo ensinava prendas domésticas as moças de nossa cidade.
         Interessante como política está nos poros e nos fazeres de cada um, construindo essa edificação infinita que se chama cultura, pulsando cada cidade, medindo o valor de cada indivíduo  e buscando na mais ínfima das armadilhas e esconderijos existente dentro de cada um os seus monstros, e os libertando em uma fervorosa compulsão. essa e a força da danada da política que exalta os lideres, os espertos e ambiciosos e que expõe na real revelação quem realmente você é. "Queres conhecer o homem? Dê poder a ele" Mas no tempo do MDB e ARENA era tudo festa, folia, diversão. Pra nós que só conhecia festa de ano em ano nas comemorações da padroeira da cidade, aquele período era de muita alegria. Era um verdadeiro circo, onde nós éramos os verdadeiros palhaços. A tecnologia só veio desmontar esse grande circo, nos proporcionando conhecimento, nos concientizando, esclarecendo, nos informando. Olhando para trás com o olho da saudade percebo como era bom o que aquele momento político provocava em minha família, mas o olho da consciência condena revoltosamente aqueles que enriqueceram as custas da nossa inocência. Que cor é a sua hoje nessa pisada desconpassada onde árvores invisíveis se espalham nesse enorme Brasil, emaranhando-se entre nuvens e confundindo os que atentos não estão. Que cor era o seu candidato que você votou na campanha passada?


Prevaleceu o preto?

Aos poucos o circo está sendo desarmado, as famílias continuam em sua descendência, a tecnologia está cada vez mais contribuindo para a conscientização através dos veículos de comunicação e e o ARENA e MDB realizaram um farto casamento onde hoje os seus descendentes é uma disma periódica.

Juscio / 18 de agosto de 2010.

quinta-feira, 26 de abril de 2012





  A BEIRA DE UMA LUCIDEZ


 Saindo de casa para mais um dia de descobertas no mundo do conhecimento, parei no primeiro batente do velho portão de ferro, segurei o ferrolho desgastado e ali fiquei a olhar as coisas, pessoas, as folhas e papeis de embrulhos soltos ao ar. Uma lacuna se abriu na monotonia diária, daquela velha rotina; Será que todos os dias essas pessoas passam por aqui? As folhas mortas dos frondosos pés de mangueiras caem diariamente e se juntam ao que jogado é pelas pessoas que ali passam. Quem são eles? De onde vem? Para onde vão? Porque eu nunca tinha me sentido de tal forma? Percebi que o vento soprava diferente naquela manhã sombria. Sombria? Será que todas as manhãs eram daquele jeito e eu nunca tinha notado? Os porquês circulavam os meus pensamentos como um enxame de abelhas. Pára! Será que eu estou surtando? Nunca me senti tão inseguro.

              -Bom dia.

O que? Quem será? Porque me cumprimentou? Será que essa senhora me conhece de algum lugar ou só quis ser educada? Será que ela está interessada em algo mais e com aquela saudação ela tentou me fazer entender a sua verdadeira intenção; de me levar para devaneios nefastos, receber todas as suas entidades ludibriosas ou?.. Meu Deus! Será que ela é isca de ladrão e só está averiguando o ambiente, se certificando que toda manhã eu saio de casa esse horário? O portão pesou toneladas e junto as minhas pernas a minha surrada pasta caiu como uma folha sem rasuras e amassos, firme, mas silenciosa. Um suor frio e sufocante lavava todo o meu rosto fazendo tremer todo o meu ser. Queria voltar, sair daquele portão, não mais ver aquelas pessoas que passavam pela calçada como se estivesse tramando contra mim. Um nó se formou na garganta como um grito grosso e forte querendo sair de uma só vez. As folhas velhas e mortas não se direcionavam mais a sombra da copa ao chão, mas parecendo estarem sendo enviadas pelas mangueiras como foguetes de papel alinhados em minha direção. O sol frisou todas as copas que frondosas não permitia a sua passagem, tentando com um dos seus raios me atingi e assim comecei a desviar daqueles ataques foi quando percebi três crianças paradas de um tudo; dos picolés segurados firmes e que estavam a pingar em suas roupas, dos olhos que fixos estavam, dos movimentos, da atmosfera, do vento que neles não tocavam... Só para fixos aqueles olhos fuzilantes estarem a me olhar. Muito rápido como uma flecha certeira as perguntas vieram a me questionar o que eu não conseguiria explicar, mas algo muito forte me fez crer que eles estariam ali para me abduzir e que toda aquela atmosfera foi uma preparação para o momento que se aproximava. Não lutarei contra o meu destino e as descobertas que eu iria fazer. Serei eu o primeiro ser humano a ter contato direto com ETs? Abrirei os braços e sorridente me entregarei a eles e só agora estava entendendo tudo, do porque toda aquela conspiração da natureza, da minha sensibilidade apurada, da minha inquietação. Não estou louco.
Como tinha planejado o último momento na terra; de abri os meus braços e gritar com toda força e alegria:

         - Podem me abduzir meus ETs queridos! Podem me levar!

As crianças soltaram os picolés que já era mais palito que picolé e saíram gritando desesperadamente.
O portão que eu não conseguia mexer agora já não existia empecilho, as folhas já não conspiravam mais e as pessoas passavam apressadas sem perceber que existia naquele velho portão de ferro um homem renascido.

 JUSCIO MARCELINO

quarta-feira, 25 de abril de 2012



QUERO VOAr

O sol começava a nascer e vinha manhosamente espreguiçando-se por trás de umas palmeiras imperiais que não sei como cresceram ali durante várias gerações e amontoadas espaçavam-se margeando o terreiro da cozinha do casarão da minha avó paterna. 

-Bom dia!

A preguiça da noite molemente como geleia escorria da minha cama e bocejando os meus olhos abriam para a vida. Janela aberta e cortinas brancas e transparentes a brincar de tica com o vento matinal igual a crianças em euforia formavam balões de ar em forma de desenho de nuvens e hipnotizado estava parado a contemplar.

-Bom dia!!

Insistentemente o dia pedia para acordar, sair daquela cama quentinha e gostosa e vim comtemplar o horizonte de forma vertical. Era muito mais forte do que eu aquela doce vontade de ficar deitado, olhando paras as telhas e cortinas a dançar eeu ali, deitado, quietinho com a mente limpa, sem nada a desenhar.  O cheiro da noite ainda reinava no ar e lentamente outros cheiros do dia iam se misturando, proporcionando uma fusão colossal. Mais um bocejo de leão aquecia todo o meu corpo que naturalmente espreguiçava-se em toda a expansão da cama.

-Bom dia!!!


            Entrou porta adentro como um bravio touro a buscar o meu olfato, puxando pelas narinas a ponto de intimá-las ao restante do corpo acordar. Aquele aroma agradável, forte e inconfundível do café coado da minha avó. Naquele momento senti vontade de criar asas, voar até a cozinha, tragar aquele néctar dos deuses e voltar flutuando, feliz para deitado o meu corpo acordar.

           


terça-feira, 27 de março de 2012

 MEIGO OLHAR
 
E um dia, ao amanhecer, estarei velho na aparência, mas novo no conhecimento, saboreando palavras em cordas do tempo, degustando lembranças inesquecíveis. Um leve suspiro irá compor esse momento, esse dia, esse fim... De um belo começo. 
Estarei inteiro no portão de um mundo desconhecido de volta para casa. Viagens infindas, caminhos mil e a cada passagem encontrarei outros eus e toda a sua diversidade. Aprenderei folheando lentamente como se apreendesse cada movimento, tentando compreender o todo de cada doce início, saboreando as entrelinhas do momento e sem querer saber o dia desse fim.
Ficarão somente lembranças; sábias, felizes. Estarei pronto talvez, com a certeza de deveres cumpridos, de manhãs de projetos e tardes de realizações, de noites tranqüilas, sem os monstros da consciência sem lua e cor. Quero perder o apego das flores e o sonho do desejo sem macular a primavera e toda a sua descendência, olhar para o futuro sem querer está com o passado em apego e amor. Sorrirei para mim mesmo feliz de ser feliz, de ter saboreado a receita da vida degustando cada momento com paciência, debruçado na expectativa de cada dia ser melhor. A cada passo que dei tinha a certeza de acordar cada dia mais novo com o espelho da realidade na mão e em cada repousar a pálpebra passava a folha do dia e descansava para uma nova leitura.
Saudade é uma palavra brasileira que ficará nesse país. Não levarei para esse novo começo como um apego, não será uma inclinação do sentimento, não estará nas asas de minha canção.
Um dia talvez você se lembre de mim, comente as coisas boas que fiz e aquilo que tanto desejei realizar. Saberão que desgastei todos os sentimentos, utilizei as facetas da arte, me lancei de frente sem medo de errar.
Aqui darei adeus e fica a certeza de nunca mais voltar, de corpo nunca, mas de espírito pode ser através de uma brisa, de um suave vento, de um perdido e meigo olhar.